A semana começou com um fator novo que abalou o mercado de inteligência artificial (IA) mundial: o lançamento do chatbot chinês Deepseek. O dia foi tomado por uma enxurrada de notícias, análises e comparações de desempenho entre a nova IA e o principal rival americano, o ChatGPT, da OpenAI.
Embora ainda seja cedo para afirmar qual será o futuro da promissora nova plataforma da China, é inegável que o lançamento da tecnologia trouxe repercussões que mexeram com o mercado de uma maneira geral. Aliás, a ferramenta já se tornou o aplicativo gratuito mais baixado nos Estados Unidos.
Foi uma segunda-feira daquelas para algumas das principais empresas de tecnologia do mundo. A que sofreu o maior tombo foi a gigante americana Nvidia. As ações da companhias despencaram cerca de 17% (às 17h, no horário de Brasília). A companhia perdeu cerca de US$ 465 bilhões de valor de mercado. Foi a maior queda no valor de ações da história do mercado.
Isso acontece porque as informações iniciais divulgadas pela DeepSeek dão conta de que seu mais recente modelo de IA teria custos menores e demandaria menor poder de processamento. Isso gerou uma preocupação dos investidores, que temem agora pela demanda futura dos chips de alto desempenho da Nvidia.
Outras gigantes americanas da tecnologia também viram suas ações perderem valor hoje. Os papeis da Microsoft recuaram 2%, enquanto a Alphabet, dona do Google, sofreu um recuo de 4% em suas ações.
Os índices norte-americanos S&P 500 e Nasdaq registraram quedas de 1,46% e 3,07%, respectivamente, refletindo os impactos da DeepSeek sobre as empresas de tecnologia.
Os efeitos foram sentidos até no Brasil. A fabricante catarinense WEG, que fornece equipamentos para infraestrutura de data centers, teve uma queda de cerca de 7% em suas ações durante o pregão.
Porque o DeepSeek está mexendo tanto com o mercado?

O principal fator que assustou o mercado foram as informações divulgadas pela empresa chinesa sobre o seu novo modelo de IA, o DeepSeek R1. A companhia foi fundada em 2023 pelo engenheiro eletrônico Liang Wenfeng, que afirma ter investido apenas US$ 5,6 milhões no treinamento de seu modelo de inteligência artificial, um valor significativamente inferior aos milhões de dólares que empresas americanas têm destinado a esse propósito.
A empresa teria também utilizado chips menos potentes, mostrando que seria possível fazer mais com menos. Há de se ressaltar que os valores totais utilizados para desenvolver o R1 ainda não são totalmente conhecidos, mas as notícias que saíram até aqui indicam que os chineses conseguiram produzir um modelo que tem desempenho similar na comparação com os rivais de conglomerados gigantes americanos.
Outro diferencial do DeepSeek é o fato de a ferramenta ser desenvolvida no modelo open source – isto é, pode ser usada, modificado ou distribuído gratuitamente por qualquer pessoa.
A empresa chinesa DeepSeek utiliza estratégias avançadas, como o aprendizado por reforço (Reinforcement Learning, ou RL), que permite aos modelos aprimorarem suas capacidades por meio de um processo de tentativa e erro. Durante o treinamento, o algoritmo interagiu com o ambiente, ajustando seu desempenho com base em diferentes graus de recompensas, otimizando assim seus resultados. Segundo a DeepSeek, todo o processo de treinamento foi concluído em apenas dois meses.
Os modelos da DeepSeek incorporam também um recurso de raciocínio que articula seu pensamento antes de fornecer respostas.
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3 thoughts on “DeepSeek sacode o mercado mundial de IA e desafia hegemonia americana no setor”
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