Opinião

Corretores de imóveis vão desaparecer após a IA? 

Além de agilizar processos, a IA pode oferecer ideias, percepções e soluções valiosas tanto para quem busca quanto para quem vende um imóvel

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A velocidade dos avanços em inteligência artificial (IA) vêm despertando entusiasmo e também medo no mercado de trabalho. Dentro do setor imobiliário, ela levanta a questão: será que os corretores terão seu papel substituído por algoritmos? Essa dúvida nos convida a analisar, com calma, os impactos dessa tecnologia no dia a dia do setor.

Primeiramente, temos que pensar que a compra de um imóvel envolve um conjunto de etapas. Desde o primeiro contato até a entrega das chaves, existe a construção de uma relação de confiança, a negociação de detalhes e a superação de problemas que, muitas vezes, surgem de forma inesperada. Esse processo demanda conhecimento técnico, habilidade de comunicação e, sobretudo, a capacidade de captar as nuances de cada cliente.

Nesse cenário, ferramentas como a Mia, assistente virtual com IA, desenvolvida pela startup Morada.ai, pode iniciar o relacionamento com o cliente e convencê-lo a continuar as tratativas com aquela incorporadora/construtora/imobiliária, porque é capaz até mesmo de fazer simulações financeiras precisas. Geralmente, um vendedor precisa conversar com cerca de 100 pessoas por chat para fazer uma única venda, e 47% dessas pessoas iniciam o contato fora do horário comercial. Esse é um processo ineficiente, concorda? O que a Mia faz é encurtar esse caminho por meio de uma conversa bastante natural com o consumidor, respondendo imediatamente ao ser acionada. Ao qualificar os leads (clientes) e filtrar os contatos com maior potencial de conversão (compra), a Mia entrega aos corretores os contatos das pessoas que estão mais propensas a fazer aquela compra.

O mercado tem acompanhado essa revolução digital de perto. Segundo dados da JLL Research, o investimento global em tecnologias para o setor imobiliário foi de US$ 4 bilhões só em 2022, e nas palavras do professor Silvio Meira, um renomado cientista brasileiro, “estamos na era da pedra da IA, mas o futuro chegará em 800 dias”. Ele escreveu isso em 2024, nos alertando para esta transformação acelerada que exige uma adaptação constante.

Apesar desses ganhos de eficiência, é importante reconhecer as limitações da IA. Se os algoritmos são excelentes para processar dados e agilizar tarefas repetitivas, eles ainda encontram dificuldades para interpretar emoções e estabelecer conexões genuínas com as pessoas.

A complexidade de uma negociação imobiliária, que envolve fatores humanos e contextuais, demonstra que a tecnologia pode aprimorar o processo, mas não captar todos os elementos que tornam o atendimento personalizado tão essencial.

Examinando essa situação, acredito que o que a IA fará com os corretores, assim como para outras diversas profissões, é uma redefinição dos papéis – o da tecnologia e o do profissional. Além de agilizar processos, a IA pode oferecer ideias, percepções e soluções valiosas tanto para quem busca quanto para quem vende um imóvel. Mas a empatia e o julgamento só pode vir do que é humano, a capacidade de compreender o outro e se conectar continua sendo indispensável. Por isso, acredito que o corretor que integrar a IA em seu trabalho terá tudo em mãos para fechar bons negócios.

Luis Veloso é diretor de operações da Morada.ai, proptech especializada no uso de Inteligência Artificial (IA).

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