A rotina quase frenética de um repórter impõe uma série de tarefas que pode ser comparada a uma maratona de longa distância. Pensar pautas, cobrir fatos in loco, processar e formatar informações, entrevistar fontes e produzir conteúdo nas redações são apenas algumas das tarefas que fazem parte da movimentada e intensa agenda dos profissionais de comunicação. Diante de tamanho desafio, os novos modelos de inteligência artificial (IA) estão cada vez mais ganhando o papel de auxiliares no processo de produção de material jornalístico. A avaliação é do professor Márcio Carneiro, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que participou hoje (10), em Brasília, de um evento especial na Câmara dos Deputados em alusão aos 25 anos da Agência Câmara de Notícias.
O pesquisador fez uma análise sobre o desenvolvimento da Inteligência Artificial Generativa (IAG) e destacou como a IA pode ser uma aliada dos repórteres no dia a dia das redações. “Em termos de texto, podemos operar com a IA auxiliando a pensar em pautas e formatos. Além disso, a IA pode ser usada para processar e resumir documentos muito complexos, pedindo ao bot que destaque os principais temas. Chamamos isso de modelagem de tópicos”, detalhou.
Contudo, Carneiro ressaltou diversas vezes que a IA nas redações é uma aliada e não a protagonista na produção de notícias. “Tudo precisa de revisão. O ChatGPT, por exemplo, não foi feito para fornecer informação checada e verificada. Isso é papel do jornalista. Portanto, a IA pode ser incorporada a alguma etapa da produção, mas não podemos confiar plenamente nos dados gerados”.

Carneiro também falou sobre o impacto da IAG nas profissões. Estudo feito no ano passado pelo Laboratório de Convergência de Mídias da UFMA mostra o efeito diferenciado da inteligência artificial sobre diversas áreas do trabalho. Segundo a pesquisa, profissões como produtor de conteúdo e analista de dados serão muito impactadas pela IAG nos próximos anos, enquanto outras, como agente de segurança e assistente social, serão muito pouco impactadas. No entanto, o pesquisador relembra que outras revoluções tecnológicas já aconteceram no passado e que os profissionais precisam se atualizar.
O seminário também contou a apresentação de dois pesquisadores da Câmara dos Deputados, ambos na área de comunicação pública. A jornalista Paula Medeiros apresentou sua pesquisa de mestrado que mostra a evolução dos websites parlamentares desde 2008 até os dias atuais.
Já o jornalista Tiago Miranda apresentou pesquisa que desenvolveu sobre a Agência Câmara. Sua dissertação de mestrado analisou o uso dos conteúdos da agência de notícias do legislativo por veículos de comunicação, destacando o tema do arcabouço fiscal (PLP 93/2023). Em seu estudo, constatou-se que a Agência Câmara é amplamente confiável, sendo utilizada como fonte primária para a cobertura legislativa, em complemento ao jornalismo comercial.
– Com informações da Agência Câmara de Notícias
O evento completo está disponível na gravação abaixo:
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