O uso da inteligência artificial (IA) na arquitetura e no urbanismo está criando novas possibilidades para o desenvolvimento de cidades mais inteligentes, sustentáveis e eficientes. No entanto, essa transformação também levanta questionamentos sobre os impactos sociais e éticos da tecnologia. Esses temas foram debatidos no simpósio promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE), que reuniu especialistas para refletir sobre o papel da IA nas cidades e na atuação profissional dos arquitetos.
Durante o encontro, o presidente do CAU/PE, Roberto Salomão, defendeu que o avanço tecnológico precisa estar em sintonia com os princípios fundamentais da arquitetura, com atenção ao bem-estar social e à inclusão. “A tecnologia está moldando o futuro da arquitetura, mas o CAU/PE continuará sendo um ponto de apoio para garantir que a IA seja utilizada de forma responsável e ética, com foco no impacto positivo para as pessoas e as cidades”, afirmou Salomão. Ele reforçou a importância de que as ferramentas tecnológicas estejam a serviço do interesse coletivo.
A necessidade de supervisão humana foi um dos pontos centrais da discussão. Para Ítalo Guedes, doutorando da UFPE e especialista em inteligência artificial, o uso da IA deve ser encarado como um apoio, e não como substituto do julgamento humano. “A IA não deve ser vista como uma ameaça, mas como uma ferramenta para melhorar a eficiência e a qualidade dos projetos. No entanto, é fundamental que os profissionais mantenham o controle sobre as decisões, garantindo que elas atendam às necessidades sociais e ao bem-estar coletivo”, afirmou Guedes.
Já o arquiteto e pesquisador Fernando Almeida chamou atenção para os riscos de se delegar decisões críticas à tecnologia, especialmente em relação ao espaço urbano e às políticas de inclusão. Para ele, o planejamento das cidades deve continuar sendo guiado por valores humanos. “Não podemos delegar à máquina decisões que afetam a vida urbana e o espaço público. A IA não pode ser uma nova forma de apagamento das necessidades reais da sociedade. Precisamos garantir que a tecnologia seja usada para criar um futuro mais humano e acessível a todos”, alertou Almeida.
Uma mesa-redonda conduzida por Guedes promoveu a troca de experiências entre os palestrantes e o público, destacando a importância de preparar os profissionais para lidar com as novas ferramentas tecnológicas. O debate reforçou a ideia de que a qualificação contínua é essencial para o uso ético e responsável da IA na arquitetura e no urbanismo.
O encerramento do simpósio reforçou o compromisso do CAU/PE com o desenvolvimento profissional e com a discussão crítica sobre o papel da tecnologia no setor. A mensagem final foi clara: a inteligência artificial pode ser uma aliada na transformação das cidades, desde que guiada pela responsabilidade social e pela participação ativa dos profissionais.
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