A Foxconn foi mais uma gigante do setor de tecnologia a apostar em modelos de inteligência artificial (IA) em código aberto (open source). Anteriormente, a chinesa DeepSeek já havia sacudido o mercado de IA com o seu modelo, que também tem código aberto. Para conversar sobre essa tendência no setor, entrevistamos o CEO da Zabbix na América Latina, Luciano Alves. O executivo prevê o surgimento de muitos outros projetos de IA adotando o open source, criando competição com modelos de propriedade intelectual fechada.
Como você vê o futuro do open source no mercado de inteligência artificial, especialmente após todas as notícias recentes que fizeram as pessoas se questionarem sobre esse conceito?
A inserção do open source nesse contexto é algo natural. Se olharmos para o avanço tecnológico, vemos que o open source desempenha um papel crucial ao facilitar a inovação. Isso se deve ao fato de que mais pessoas colaboram, compartilham conhecimento e aceleram o desenvolvimento de soluções.
Um exemplo recente é o impacto das restrições de exportação de chips dos EUA para a China, que impulsionou a adoção de soluções open source para driblar essas limitações. Isso demonstra que o open source continua cumprindo sua função de permitir um avanço rápido e a baixo custo.
Sou parte desse universo desde os anos 90, e sempre vi o open source como um catalisador de mudanças. Ele trouxe capacidade e velocidade ao desenvolvimento e à inovação, permitindo que tecnologias emergissem rapidamente, como vimos com o lançamento do primeiro modelo da DeepSeek.
Qual será o principal impacto desse avanço na inteligência artificial?
O impacto será o surgimento de muitos outros projetos adotando uma abordagem semelhante, pois agora ficou evidente que é possível competir com plataformas proprietárias investindo muito menos.
Observamos um contraste entre o Ocidente e o Oriente no que diz respeito à tecnologia. O Ocidente foca em investimentos massivos e propriedade intelectual fechada, enquanto o Oriente tem uma tradição de colaboração e compartilhamento de conhecimento, especialmente em universidades.
A DeepSeek, por exemplo, conseguiu desenvolver seu modelo com uma fração do orçamento que as grandes corporações costumam gastar. Isso reforça a democratização da tecnologia pelo open source, permitindo que mais empresas tenham acesso a soluções avançadas por um custo reduzido.
A tendência agora é que novas startups e empresas percebam essa possibilidade e explorem modelos open source para competir no mercado de inteligência artificial.

Quais setores serão mais beneficiados com a adoção da inteligência artificial open source e da inovação aberta?
Tradicionalmente, inteligência artificial tem sido dominada por grandes corporações como Google, Meta e OpenAI, que exigem que os dados dos usuários sejam processados em suas plataformas externas. Isso cria preocupações para setores como governos, bancos e instituições críticas, que precisam de controle sobre seus dados.
Com modelos open source, essas organizações podem rodar inteligência artificial em seus próprios servidores ou nuvens privadas, garantindo mais segurança e privacidade. Além do setor financeiro e governamental, outras indústrias como varejo e tecnologia também podem se beneficiar, adaptando os algoritmos para suas necessidades específicas.
O modelo open source oferece a possibilidade de consumir apenas partes de um algoritmo gigante, otimizando recursos e reduzindo a necessidade de grande capacidade de processamento. Isso abre novas oportunidades para empresas que antes hesitavam em adotar IA devido a restrições de segurança.
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