O crescimento vertiginoso da inteligência artificial generativa (GenAI) e a digitalização dos negócios estão impulsionando uma expansão sem precedentes na demanda por data centers. Um estudo do Boston Consulting Group (BCG), intitulado “Breaking Barriers to Data Center Growth”, estima que o setor deverá receber aportes da ordem de US$ 1,8 trilhão até 2030, com a demanda energética alcançando cerca de 130 GW, em um ritmo médio de crescimento anual de 16% até 2028.
📄 O estudo completo está disponível, em inglês, no site do BCG.
Apesar do cenário favorável, o BCG aponta obstáculos que podem desacelerar essa trajetória. Entre os principais entraves estão a limitação no fornecimento de energia, gargalos logísticos, resistência de comunidades locais ao uso intensivo de recursos naturais e o impacto ambiental da infraestrutura.
“A GenAI despontou há quase 2 anos e se mantém como um vetor de inflexão de crescimento da demanda de processamento de dados. Se por um lado aguardamos um avanço significativo no uso da tecnologia, por outro há também evolução constante esperada na capacidade e eficiência dos modelos e do hardware. Vimos isso recentemente com o anúncio dos últimos modelos. Ainda assim, nosso estudo mostra que a demanda por data center deve seguir acelerando, em especial nos EUA que concentra o mercado atualmente e os principais projetos em desenvolvimento. Mas outras regiões também veem uma forte procura por capacidade de data center”, afirma Ricardo Pierozzi, diretor executivo e sócio do BCG.

GenAI puxará 60% do crescimento da demanda energética
A pesquisa prevê que as aplicações ligadas à IA generativa devem representar 60% do crescimento total da necessidade de energia dos data centers até 2028. Mesmo assim, esse segmento responderá por cerca de 35% do consumo energético total dessas estruturas naquele ano.
As aplicações tradicionais — como armazenamento e compartilhamento de arquivos, processamento de transações e demais usos corporativos — ainda respondem pela maior parcela do consumo. Segundo o BCG, essas demandas continuarão em expansão, com uma taxa de crescimento anual de 7%, e representarão 55% do uso de energia até 2028.
Hyperscalers lideram expansão
Empresas como Amazon, Meta, Microsoft e Google — os chamados hyperscalers — são os principais motores dessa expansão e devem concentrar 60% do crescimento previsto, aumentando sua fatia da demanda energética para 45% em três anos. Por outro lado, organizações que mantêm data centers próprios devem reduzir sua participação para 5%, refletindo a migração para serviços em nuvem e instalações compartilhadas (colocation), que oferecem maior eficiência, escalabilidade e controle de custos.
Cooperação será essencial para vencer barreiras
Para viabilizar a expansão e contornar os desafios, o BCG recomenda uma abordagem colaborativa entre operadores de data centers, fornecedores de energia e autoridades locais.
“É importante que os operadores invistam em cadeias de suprimentos resilientes, adotem estratégias de desenvolvimento de talentos e se envolvam ativamente com as comunidades para mitigar as preocupações sobre o uso de recursos e o impacto ambiental. A colaboração na fase de planejamento, incluindo o compartilhamento de dados e a integração antecipada aos ciclos de planejamento das concessionárias, também é crucial. Além disso, a exploração de modelos de copropriedade de infraestrutura energética e a agregação de demanda podem mitigar os riscos e acelerar os investimentos em energia”, reforça Pierozzi.
Receba em seu email um resumo semanal com notícias exclusivas e reportagens sobre o mercado de IA no Brasil e no mundo