A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente na rotina dos brasileiros, seja no ambiente corporativo ou pessoal. Segundo dados do estúdio Talk Inc., 63% da população já utilizou alguma ferramenta de IA, com destaque para assistentes virtuais como Alexa e Siri. Apesar da crescente presença da tecnologia no dia a dia, muitas pessoas ainda se sentem inseguras em utilizá-la.
Para Fabrício Carraro, gerente de programa da Alura, essa insegurança decorre da falta de compreensão sobre o papel da IA. O relatório “Índice de Força de Trabalho” do Slack aponta que 35% dos profissionais brasileiros hesitam em admitir abertamente o uso da tecnologia, receosos de serem vistos como incompetentes ou preguiçosos.
“Há um estigma em relação à automação e à geração de conteúdo por IA generativa, frequentemente mal interpretada e vista como uma ameaça, ou com dúvidas sobre a qualidade do conteúdo gerado. Porém, grande parte disso é resultado da falta de entendimento sobre seu funcionamento, potencial e limitações”, explica Carraro. “Conhecer melhor essas ferramentas e técnicas como a engenharia de prompt pode ajudar a minimizar essa percepção”, acrescenta.
Diante desse cenário, o especialista destaca que uma das principais soluções para reverter essa situação é aumentar os investimentos no aprendizado tech. O relatório do Slack mostra que, embora 90% dos brasileiros reconheçam a importância de aprender sobre IA, apenas 49% dedicam mais de cinco horas mensais para dominar essas ferramentas. Carraro enfatiza que as empresas têm um papel fundamental nesse processo.
As organizações precisam desenvolver estratégias de aprendizagem mais acessíveis e eficazes, para que todos, independentemente da geração, sintam-se mais preparados e confiantes no uso das ferramentas de IA disponíveis no mercado. Ao compreender as diferenças nas motivações e necessidades de cada grupo, a tecnologia poderá ser incorporada de forma mais natural e segura tanto no trabalho quanto nas atividades pessoais”, conclui.
Adoção da IA por diferentes gerações
Carraro analisa que as gerações mais antigas utilizam a inteligência artificial principalmente para simplificar tarefas cotidianas, como gerenciar compromissos ou controlar dispositivos domésticos. Já os mais jovens exploram o potencial dessa tecnologia de forma mais ampla, especialmente no ambiente corporativo, onde buscam aumentar a produtividade e eficiência em diversas áreas.
“Essa popularização se reflete no ambiente profissional em movimentos como o ‘Bring Your Own AI’ (BYOAI, ou ‘Traga sua própria IA’, em português), que vêm ganhando força. A ideia é que colaboradores utilizem suas ferramentas de inteligência artificial preferidas em suas funções, promovendo maior personalização e inovação nas organizações”, concluiu o especialista.
O relatório Work Trend Index 2024, produzido pela Microsoft e pelo LinkedIn, ilustra essa tendência: 85% dos profissionais da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e 78% dos Millennials (nascidos entre 1980 e 1995) já utilizam ferramentas de IA no trabalho. Esse número cai para 76% na Geração X (1965-1980) e 73% entre os Boomers (1946-1964).
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