Mercado de trabalho

Falta de profissionais atrasa avanço da inteligência artificial no Brasil e no mundo

Demanda por especialistas cresce acima da oferta e pressiona empresas a reverem contratações, cultura e infraestrutura

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A adoção de inteligência artificial (IA) segue em ritmo acelerado, mas a escassez de profissionais qualificados continua sendo o maior obstáculo para sua aplicação em larga escala. Desde 2019, a procura por talentos com competências em IA cresceu 21% ao ano, superando com folga a disponibilidade desses profissionais no mercado. Como consequência, os salários da área aumentaram 11% ao ano, quase o triplo da média global de 4%.

A falta de especialistas já aparece como principal fator limitante para o avanço da IA dentro das organizações. Uma pesquisa recente da Bain & Company no Brasil revelou que 39% dos executivos apontam a ausência de conhecimento técnico interno como o maior entrave para acelerar o uso de IA generativa, à frente até mesmo das preocupações com segurança da informação.

Nos Estados Unidos, os números indicam que o contingente atual de profissionais com domínio em IA atende a apenas metade da demanda estimada até 2027. Para preencher essa lacuna, será necessário recapacitar entre 500 mil e 750 mil pessoas nos próximos anos.

Lucas Brossi, líder da área de IA na Bain, destaca os desafios adicionais que as empresas enfrentam:
“Além da falta de especialistas, as empresas enfrentam o desafio de atrair e reter talentos em um mercado altamente competitivo. É preciso levar em conta que os profissionais mais qualificados evitam empresas que operam com tecnologias ultrapassadas e preferem trabalhar em ambientes que oferecem desafios técnicos avançados e uma cultura de inovação. Outro entrave é que muitas organizações ainda adotam uma abordagem genérica na contratação para cargos de tecnologia, sem um alinhamento claro entre as necessidades do negócio e as habilidades exigidas para o cargo.”

Para lidar com esse cenário, a Bain propõe três frentes de atuação:

  • Alinhamento estratégico – As empresas devem estruturar suas contratações de maneira mais direcionada, relacionando os perfis procurados com os objetivos reais do negócio. Identificar com precisão as áreas em que a IA pode gerar mais valor é fundamental para buscar profissionais com formações compatíveis aos desafios propostos.
  • Atualização tecnológica – Recrutar e manter especialistas depende do investimento em uma infraestrutura tecnológica moderna. Ferramentas desatualizadas afastam talentos experientes, que preferem atuar em ambientes inovadores e com maior potencial de desenvolvimento técnico.
  • Cultura organizacional orientada à IA – A inteligência artificial não deve ficar restrita ao departamento de tecnologia. É necessário criar uma cultura interna que estimule a experimentação, o trabalho conjunto entre equipes e o uso da IA em diversas frentes da empresa.

Segundo a consultoria, organizações que apostarem na qualificação de seus profissionais e revisarem sua estrutura tecnológica e cultural estarão em melhor posição para acompanhar — e liderar — a próxima fase da revolução impulsionada pela inteligência artificial.

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