Uma nova pesquisa do Digital Education Council, aliança internacional formada por universidades e representantes da indústria, revela que 86% dos estudantes do ensino superior já utilizam inteligência artificial em seus estudos. O dado reforça a transformação em curso no processo de aprendizagem, com impacto direto na forma como alunos acessam, produzem e interagem com o conhecimento — seja em sala de aula física ou digital.
O levantamento foi realizado com 3.839 estudantes de graduação, mestrado e doutorado em 16 países. Segundo os dados, 24% dos participantes usam ferramentas de IA diariamente, enquanto 54% recorrem a elas semanalmente ou com ainda mais frequência. Aplicativos como ChatGPT, Grammarly e Microsoft Copilot estão entre os mais citados, sendo utilizados principalmente para buscas, revisão gramatical, produção de resumos, paráfrases e criação de esboços.
“Estamos vivendo uma transformação no processo de aprendizagem. Os estudantes de hoje precisam desenvolver pensamento crítico com o apoio das tecnologias, e para isso devem ser orientados de como usá-las de maneira certa de acordo com as suas necessidades”, afirma Breno Heleno Ferreira, Especialista em Inteligência Artificial do Poliedro Sistema de Ensino.
Ferreira destaca que as ferramentas inteligentes ampliam a autonomia dos alunos e permitem uma abordagem mais personalizada dos conteúdos, com linguagem acessível e adaptável. No entanto, ele também ressalta os riscos. A dificuldade em diferenciar informações confiáveis de conteúdos fabricados por algoritmos pode comprometer a profundidade do raciocínio e favorecer abordagens superficiais.
“A inteligência artificial tem um enorme potencial, mas seu impacto depende do contexto em que é aplicada. Sem preparo técnico e infraestrutura adequada, a tecnologia corre o risco de ampliar desigualdades em vez de reduzi-las”, complementa Ferreira.
Outro dado relevante da pesquisa aponta que 58% dos estudantes sentem que ainda não possuem conhecimento e habilidades suficientes para lidar com ferramentas de IA. Além disso, 48% se consideram despreparados para atuar em um mercado de trabalho cada vez mais digitalizado.
Diante desse cenário, cresce a demanda por iniciativas institucionais que promovam capacitação, ética digital e maior integração entre alunos, professores e sistemas inteligentes, a fim de garantir que a IA seja, de fato, uma aliada na construção de uma educação mais inclusiva e eficiente.
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