A Microsoft e a Suzano, maior fabricante global de celulose e referência internacional em produtos de base florestal derivados do eucalipto, desenvolveram uma solução baseada em inteligência artificial (IA) generativa para ampliar a eficiência das operações na planta industrial da Suzano localizada em Três Lagoas (MS). Batizado de Ana Maria, o sistema combina os recursos do Microsoft Azure OpenAI Service com a interface do Microsoft Teams para entregar respostas rápidas, apoiar a tomada de decisões e facilitar o dia a dia das equipes de operação e engenharia envolvidas na produção de celulose da unidade.
Desde 2019, a Suzano vem conduzindo um processo de digitalização em sua cadeia produtiva com foco na sustentabilidade, excelência operacional, redução de custos e melhoria de desempenho. Nesse percurso, foram criadas soluções que tornaram a tomada de decisão mais orientada por dados, incluindo otimizadores logísticos, modelos preditivos para análise de mercado e, mais recentemente, aplicações com IA generativa voltadas à automação e simplificação de processos. Hoje, por exemplo, profissionais da empresa conseguem acessar uma grande variedade de informações e análises apenas digitando comandos no chat do Teams, o que torna as decisões mais rápidas, práticas e assertivas.
Rotina com o digestor traz desafios operacionais
A Ana Maria contribui diretamente com as equipes responsáveis pelo digestor, equipamento central no processo industrial da celulose. É nele que os cavacos de madeira são cozidos sob alta temperatura e pressão, com o uso de reagentes químicos, para separar as fibras de celulose — matéria-prima essencial para a produção de papéis e outros produtos.
Antes da adoção da nova ferramenta, quando surgia algum problema no digestor, as equipes precisavam recorrer a manuais técnicos para identificar falhas e buscar alternativas de correção.
Para tornar esse processo mais ágil, a Suzano começou a explorar novas soluções a partir do fim de 2022. “Identificamos na IA generativa uma nova classe de oportunidades, que já está em escala com nossa equipe de especialistas, possibilitando novas alavancas de resultados para a companhia por meio da automação de tarefas complexas com agentes e gestão de conhecimento, utilizando dados não estruturados, como textos técnicos, relatórios operacionais e análises de falha”, comenta Josilda Saad, diretora de Digitaltech da Suzano. “Com a adoção de soluções como esta, trazemos maior agilidade e segurança na tomada de decisão’’, finaliza a executiva.
Interação com a Ana Maria acelera diagnósticos

A ferramenta baseada em IA trouxe agilidade para o time da unidade industrial. Para acessá-la, basta que o(a) colaborador(a) inicie uma conversa no Microsoft Teams, descreva a falha observada no digestor e solicite uma análise. A Ana Maria também pode ser utilizada para localizar trechos específicos nos manuais ou consultar registros de ocorrências anteriores e como foram solucionadas. Além das respostas em texto, o chatbot é capaz de gerar gráficos com análises avançadas de dados.
Desde sua implementação, iniciada em junho de 2023, os impactos foram significativos. A companhia conseguiu reduzir em 15 horas o tempo necessário para treinar novos profissionais no processo de cozimento da celulose. A solução também contribuiu para o aumento da produtividade e aprimorou a precisão na detecção de falhas, graças ao suporte em tempo real.
Após perceberem o potencial da IA para interpretar manuais e sugerir ações, as equipes da Suzano identificaram novas possibilidades para automatizar ainda mais tarefas com a Ana Maria.
Com as novas funcionalidades, basta uma pergunta para que o sistema acesse as bases de dados integradas ao digestor, realize análises estatísticas e produza relatórios diagnósticos de forma ágil. Essa fase, implementada entre março e abril de 2024, está em operação assistida, com suporte ao usuário e coleta de feedbacks para evolução contínua da solução.
Receba em seu email um resumo semanal com notícias exclusivas e reportagens sobre o mercado de IA no Brasil e no mundo